Os primeiros carregamentos de leite condensado chegaram ao Brasil em 1890, uma alternativa ao leite fresco, cujo abastecimento era problemático. O produto era vendido nas drogarias e, inicialmente, comercializado com o nome de MILKMAID (chamado assim por falta de uma palavra equivalente adequada em português). Mas os brasileiros tinham dificuldade para pronunciar esse nome inglês e passaram a chamar o produto de o “leite da moça”, referindo-se à ilustração da camponesa em seu rótulo. A princípio utilizado como bebida (reconstituído com água obtinha-se o leite integral já adoçado), o leite condensado podia ser armazenado por muito tempo, o que era importante em períodos de escassez de leite. Quando a Nestlé abriu sua primeira fábrica no país, em 1921, na cidade de Araras, em São Paulo, e começou a produzir o produto, optou pela solução lógica de utilizar uma designação criada espontaneamente pelos consumidores: LEITE MOÇA. A qualidade e a versatilidade do produto geraram, desde seu lançamento, uma forte relação de fidelidade entre a Nestlé e as donas-de-casa. Por isso, em pouco tempo o Brasil se converteu no maior mercado mundial de leite condensado, posição que mantém até hoje.
Somente durante a Segunda Guerra Mundial, após campanhas de reposicionamento do produto, o leite condensado chegou à cozinha, utilizado pelas donas-de-casa como ingrediente para o preparo de doces e sobremesas. Com isso, as vendas do produto dispararam. Outro fator decisivo para a popularidade da marca foi a paixão nacional pelos doces, herdada dos portugueses, associada ao gosto pelas compotas e frutas, herança africana. Um exemplo disso foi o Brigadeiro, que se tornou um marco importante na história da marca. Conta-se que em 1945, as eleitoras do Brigadeiro da Aeronáutica Eduardo Gomes, candidato a presidência da república, criaram o doce misturando LEITE MOÇA com chocolate em pó, a fim de arrecadar fundos para sua campanha. O Brigadeiro perdeu a eleição para o General Eurico Gaspar Dutra, mas o outro Brigadeiro, o de LEITE MOÇA, foi se tornando, com os anos, um dos docinhos preferidos de crianças e adultos. Em 1955, o rótulo de LEITE MOÇA, em sua parte traseira, passou a indicar o produto para uso culinário ou doméstico na preparação de diversos pratos como tortas, bolos, pudins, cremes, sorvetes, além de indicá-lo na mistura com Nescafé: “Para bolos, tortas, pudins, cremes, sorvetes, balas, biscoitos, recheios, etc., etc. Para tomar com café, chá ou chocolate, pode ser empregado sem diluir. Com o Leite Condensado Moça e com o café puro concentrado Nescafé, prepara-se um delicioso café-com-leite: é a combinação perfeita”.
No ano de 1962, o rótulo do produto trazia suas primeiras receitas: Pudim e Doce de leite. Uma década mais tarde, os rótulos começaram a prática de indicar o uso de produto para ocasiões: Festas Juninas, Festas de Aniversários, Natal, etc. Durante cerca de 60 anos a Nestlé não teve concorrência para o ”LEITE CONDENSADO MOÇA” no Brasil. Porém, isto perdurou até a década de 80, quando começou a se observar uma mudança na participação de mercado no segmento de leite condensado: o LEITE MOÇA continuava líder (60% do mercado), mas outros concorrentes ganhavam participação como Mococa (25% do mercado) e Glória (5% do mercado). A primeira reação estratégica da empresa suíça foi o lançamento do leite condensado em sabores, que foi um fracasso devido à inversão do conceito de uso alternativo praticado pelo consumidor. Pois comprando o Leite Condensado Tradicional o consumidor poderia adicionar sabores ou não, assim teria mais opção. A segunda reação estratégica foi a embalagem alternativa Bisnaga, lançada no mercado em 1985. Com esse produto não seria mais necessário abridor, colher e teria apenas uma tampa. O problema foi que o consumidor caracterizou o produto apenas por ”modismo”.leite condensado. E tiveram como resultado: adoçante (substituindo o açúcar); em ”natura” (bebido como leite condensado); em “batidas” (para adocicar e dar cremosidade em bebidas); em salada de frutas (substituindo o chantilly) ou como matéria-prima para a produção de doces, coberturas e recheios (principal aplicação). A terceira reação estratégica da Nestlé foi o lançamento da linha “MOÇA FIESTA”, como alternativa para o consumo de produtos acabados (doces caseiros e coberturas/recheios) que utilizam o leite condensado como matéria-prima. Foi um verdadeiro sucesso. Essa terceira estratégia além de ter sido um sucesso por ser um produto novo no mercado, facilitar a vida das pessoas com receitas no verso e mesclar produtos da própria Nestlé; alavancou os lucros da empresa devido ao auto-fornecimento (a empresa passou a ser fornecedora de si mesma para outra linha de produtos dela própria). Chamado de Mercados Complementares, na medida em que crescem as vendas de “Moça Fiesta”, se verificou também um crescimento das vendas (indireta) do LEITE MOÇA.
A partir de 2000 a marca começou a investir na diversificação de sua linha de produtos com novas versões como o desnatado; novos sabores como morango e chocolate; sobremesas geladas (Pudim Leite Moça); a linha Mocinha (em tubinhos, perfeito no lanche ou na sobremesa, enriquecido com Cálcio, e disponível em três sabores); o doce de leite cremoso (feito a partir do verdadeiro LEITE MOÇA); a linha de cereais; chocolates (o mais puro chocolate Nestlé, recheado com um creme de textura fina e sabor de LEITE MOÇA), sorvetes (como o sorvete cremoso de Brigadeiro preparado com LEITE MOÇA) e até biscoitos (dois biscoitos ao leite fresquinhos e crocantes envolvendo um recheio cremoso com o sabor de LEITE MOÇA).
Fonte: mundodasmarcas.blogspot.com

