terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Tudo começou em 1927 quando o tenista francês René Lacoste foi o principal responsável pela primeira vitória de seu país na Taça Davis e colecionou títulos nos famosos torneios de Roland Garros, Wimbledon e Forrest Hills. Durante estas competições ele utilizava a figura de um crocodilo, baseado em seu apelido “Le Crocodile”, dado pela agência de notícias Associated Press, após o tenista ter feito uma aposta com o capitão da equipe de tênis da França para Copa Davis. O técnico prometeu oferecer-lhe uma mala de crocodilo caso ele ganhasse um jogo importante para a sua equipe (ao lado de Jean Borotra, Henri Cochet e Jacques Brugnon, ele formava os famosos Mosqueteiros, que defenderam a França por seis torneios seguidos). O fim do campeonato trouxe duas vitórias para o tenista: arrebatou a taça dos americanos, vencendo o lendário Bill Tilden, e provou que sua trajetória de sucesso iria muito além das quadras. O público americano rapidamente adotou este apelido que representava a tenacidade e a agressividade que René demonstrou nas quadras de tênis: se movendo freneticamente em ziguezague e perseguindo sua presa sem cansar.
O amigo Robert George desenhou então para René um crocodilo que foi bordado na camisa que ele usava na quadra de jogo. A camisa, em algodão com malha arejada e confortável que absorvia perfeitamente a transpiração em climas mais quentes, tinha mangas curtas com gola e pequenos botões que iam do pescoço ao peito, e, era usada juntamente com um blazer azul-marinho, também desenhado por ele. O uniforme inusitado apareceu pela primeira vez no Torneio Aberto dos Estados Unidos. Uma das espectadoras mais assíduas destes encontros esportivos da Copa Davis era a vencedora do aberto de Golfe da Grã-Bretanha, Simone Thion de la Chaume, que se tornaria esposa de René. Pouco anos depois, ele abandonou as quadras por causa de uma tuberculose e dedicou-se totalmente a uma idéia genial: fazer confortáveis camisas de malha para jogar tênis e carimbá-las com o bichano que um dia deu a ele sorte. Em 1933, juntamente com André Gillier, proprietário de uma das maiores fábricas francesas de roupas, ele fundou uma empresa para produzir e comercializar a camisa pólo bordada com o logotipo que tinha criado para seu uso pessoal nas quadras de tênis, bem como certo número de outros modelos de camisas concebidas para a prática do tênis, golfe e esportes marítimos como o iatismo. Foi a primeira vez que uma marca estampou sua etiqueta do lado de fora da roupa, tornando o logotipo visível. Uma idéia que prosperou desde então. Essa primeira camisa, batizada de La Chemise Lacoste, utilizava um tecido leve e fresco, que proporcionava mais conforto e resistência. A primeira camisa LACOSTE era branca, ligeiramente mais curta que as atuais, de mangas curtas, com colarinho de bordos cortados, confeccionada em um tecido emblemático, jersey de piquê miúdo, e um crocodilo verde bordado na altura do coração. A camisa LACOSTE constituiu imediatamente uma revolução junto aos jogadores de tênis da época, os quais usavam, nessa altura, durante os jogos, incômodas camisas de estilo clássico, em tecido tramado com duas teias, de mangas compridas. Imediatamente, virou um uniforme nas quadras francesas, e René, o garoto-propaganda perfeito. Rapidamente as camisetas pólo LACOSTE desbancaram as tradicionais camisas de colarinho duro, vendendo aproximadamente 300 mil unidades em 1939. O que havia de tão revolucionário na camisa? A qualidade da malha – leve, flexível, ventilada – e o desenho inovador. O algodão, proveniente do Egito, dos Estados Unidos e do Peru, o processo de elaboração do fio e a exigência de qualidade da fibra mostravam um pouco da importância do produto. Nesta época a empresa investiu no progresso e crescimento das vendas junto ao consumidor. Durante um bom tempo, ele só produziu camisas brancas, com um catálogo direcionado exclusivamente para tênis, golfe e iatismo. Com o início da Segunda Guerra Mundial, a empresa interrompeu a produção, retomando suas vendas ao mercado somente em 1946. As exportações começaram em 1951 para a Itália, assim como a comercialização das versões coloridas das tradicionais camisas pólos. Celebridades adotaram a nova moda. Audrey Hepburn eternizou a dobradinha com calça cápri. Jackie Kennedy usava dentro e fora das quadras. No ano seguinte a marca ingressou no enorme mercado americano com o início da exportação de seus produtos para o país. René revolucionou o mercado do tênis ao inventar em 1963 as raquetes feitas de aço, muito superior as feitas de madeira. As raquetes eram distribuídas pela marca esportiva Wilson nos Estados Unidos. Este modelo de raquete ganhou 46 títulos em torneios do Grand Slam entre 1966 e 1978 e foi utilizada por tenistas famosos como Jimmy Connors e Billie Jean King. Foi também nesta década, em 1963, que seu filho mais velho, Bernard, assumiu o comando da empresa. A partir dos anos 70, o crocodilo da LACOSTE estendeu-se a inúmeras peças, tanto no vestuário feminino (especialmente os tradicionais vestidos) como no masculino, além de acessórios, calçados e até perfumes. Somente em 1978 os produtos da marca começaram a ser distribuídos no Brasil. No ano de 1981 a empresa inaugurou a primeira Boutique LACOSTE do mundo, localizada na Avenida Victor Hugo em Paris. Foi nesta década que a marca francesa começou a perder mercado: os clientes fiéis, principalmente os ligados em esporte, estavam envelhecendo e a nova geração não encontrava atrativos nesses modelos básicos. Nas quadras, o crocodilo perdeu terreno para outras grifes que patrocinavam maciçamente os atletas.
Na década de 90, a empresa iniciou uma expansão e modernização da sua rede de lojas, inaugurando em 1994 a primeira unidade na China; no ano seguinte as primeiras lojas nos Estados Unidos, localizadas em Palm Beach e Bal Harbour, no estado da Flórida; além de lojas em Moscou e Nova York. Mas, foi também a partir desta década que a popularidade da marca LACOSTE entrou definitivamente em queda, até que o estilista francês Christophe Lemaire assumiu a direção criativa da marca em 2000. Rapidamente ele implantou uma nova filosofia e modernizou a imagem da marca, sem deixar de manter o estilo criado por René Lacoste. Isto incluiu a inauguração de mais lojas em cidades como Düsseldorf, Tóquio, Orlando, Istambul e Dallas, no ano de 2002; e no ano seguinte com a introdução de um novo e refinado conceito de decoração e design para suas boutiques. Foi nesta época que a LACOSTE resolveu modernizar sua tradicional e clássica linha de produtos, surgindo assim outros itens como: novas coleção para crianças e mulheres, calçados, novos perfumes, óculos, roupa íntima masculina, malas, sacolas, bolsas, mini vestidos e até uma coleção de cama, mesa e banho. Outra atitude importante foi a contratação de atletas renomados para serem embaixadores da marca pelo mundo como o tenista Andy Roddick, a golfista mexicana Lorena Ochoa e o golfista espanhol Jose-Maria Olazabal, além de patrocinar torneios importantes como o Aberto da Austrália (tênis) e vários circuitos de golfe profissional. A marca chegou a ganhar as prateleiras da sofisticada boutique Colette, templo da moda dos modernos parisienses, com uma camisa pólo preta com jacaré prateado, em edição limitada. No mês de setembro de 2010, o português Felipe Oliveira Baptista assumiu o cargo de diretor criativo da marca substituindo Christophe Lemaire que foi para a sofisticada Hermès. Foi desta maneira que o “Crocodilo” da LACOSTE tornou-se famoso no mundo inteiro. 

Fonte: mundodasmarcas.blogspot.com